domingo, 16 de abril de 2017

PECADO



“Não é porque pecamos que nos tornamos pecadores; pelo contrário, por sermos pecadores é que pecamos”

INTRODUÇÃO

Vivemos num mundo que insiste em negar a existência do pecado e, quando admite a existência do pecado, em negar que a forma única pela qual se consegue a libertação do pecado é por intermédio de Cristo Jesus e de seu sacrifício na cruz do Calvário. Não são poucos aqueles que o “mistério da injustiça” tem levantado, nestes últimos dias, para tentar negar as evidências das verdades bíblicas, “falsos doutores” que, eles mesmos, não têm conseguido se livrar do pecado (II Pe.2:1,2). Negar a existência de Deus, e, por conseguinte, negar que a Bíblia é a sua Palavra é um papel de satanás. Isto, ao longo da história, e com maior ênfase nestes tempos do Pós - Modernismo, ele tem feito, sempre usando os instrumentos humanos que, conscientes ou não, se deixam usar por eles.

Está escrito que Deus, ao completar a obra da criação, declarou que tudo era "muito bom". Observando, mesmo ligeiramente, chegamos à convicção de que muitas coisas que agora existem não são boas — o mal, a impiedade, a opressão, a luta, a guerra, a morte, a inveja, avareza, imoralidade, infidelidade, idolatria e o sofrimento. E naturalmente surge a pergunta: Como entrou o mal no mundo? — pergunta que tem deixado perplexos muitos pensadores. A Bíblia oferece a resposta de Deus; ainda mais, informa-nos o que o pecado realmente é; melhor ainda, apresenta-nos o remédio para o pecado

Origem do pecado
(01)
O Pecado se originou no Mundo Angélico.
A Bíblia nos ensina que na tentativa de investigar a origem do pecado devemos retornar à queda do homem, na descrição de Gen 3 e fixar a atenção em algo que sucedeu no mundo angélico. Deus criou um grande número de anjos, e estes eram todos bons, quando saíram das mãos do seu Criador ,(Gen 1:31). Mas ocorreu uma queda no mundo angélico , queda na qual legiões de anjos se apartaram de Deus. A ocasião exata dessa queda não é indicada, mas em João 8:44. Jesus fala do diabo como assassino desde o princípio e em 1 João 3:8 diz João que o Diabo peca desde o princípio.
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A origem do pecado na raça humana.
Com respeito à origem do pecado na história da humanidade a Bíblia ensina que ele teve início com a transgressão de Adão no paraíso e portanto com um ato perfeitamente voluntário da parte do homem. O tentador veio do mundo dos espíritos com a sugestão de que o homem, colocando-se em oposição a Deus, poderia tornar-se semelhante a Deus. Adão se rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, comendo do fruto proibido. Mas a coisa não parou aí, pois com esse primeiro pecado Adão passou a ser escravo do pecado. Esse pecado trouxe consigo corrupção permanente, corrupção que dada a solidariedade da raça humana, teria efeito não somente sobre Adão , mas também sobre todos os seus descendentes. Como resultado da queda, o pai da raça só pode transmitir uma natureza depravada aos descendentes. Dessa fonte não Santa o pecado fluí numa corrente impura passando para todas as gerações de homens corrompendo tudo e todos com que entra em contato. É exatamente esse estado de coisas que torna tão pertinente a pergunta de Jó. Quem da imundície poderá tirar cousa pura? Ninguém, (Jó 14:4).

Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.. Deus adjudica a todos os homens a condição de pecadores, culpados em Adão, exatamente como adjudica a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo. É o que Paulo quer dizer, quando afirma:
“Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação , assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Por que ,como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só ,muitos se tornarão justos.”
( Romanos 5:18,19).
A Liberdade de Adão Envolvia uma Escolha acerca do Mal
O ato de Adão envolveu uma decisão entre o bem e o mal, e foi uma decisão livre, à medida que ele foi livre para tomar a decisão errada. Se ele não fosse livre para optar pelo mal acima do bem, ele não poderia ter tomado a decisão errada. Mas ele tinha o poder de obedecer ou desobedecer. Adão possuía uma natureza santa e perfeita, sem inclinação para o pecado, sem uma força que o impulsionasse a pecar; como o homem natural hoje possui após a queda e desobediência de Adão e Eva. Ele pecou voluntariamente.
(04)
Além disso, o mal não era inevitável para Adão. Isto fica claro a partir do fato de Deus ter dito para Adão “não comerás”(cf. Gn 2.17). Adão podia ter evitado o mal. A forma verbal implica que Adão tinha tanto a possibilidade, quanto a capacidade de pecar ou não pecar. E mais, o próprio Deus chamou Adão à responsabilidade pela decisão que ele, soberanamente, havia tomado, punindo-o por ter feito a escolha errada. Não existe responsabilidade que não surja da capacidade que temos por respondermos por algo, e as conseqüências que se seguiram a escolha do mal indicam que tudo poderia ter sido evitado.

0 Diabo não Fez com que Adão Pecasse
Desde o tempo de Adão, as pessoas fazem uso da conhecida desculpa: “O Diabo me fez fazer isto!” Alguns crentes são conhecidos por usar este tipo de expressão para justificar suas atitudes erradas, da mesma forma que Adão e Eva o fizeram. Adão culpou Eva, e Eva transferiu a culpa para Satanás. Mas, como já analisamos, Satanás não forçou ninguém a pecar; Ele somente tentou Adão.
(05)
Deus não fez que Adão pecasse
Uma coisa é absolutamente impensável: Que Deus seja ou possa ser o autor ou executor do pecado.
Portanto, com argumento de que Deus mantém todo o poder em suas próprias mãos, algumas teorias fazem de Deus o responsável por todo o mal. Abertamente falando, isto significa que quando ocorrem assassinatos, a responsabilidade daquelas mortes é de Deus, e quando um assalto ocorre, ele também foi causado por Deus. Deus é absolutamente bom e, como tal, não pode praticar o (tampouco ser responsável pelo) mal.
(06)
Não Havia uma Natureza Imperfeita em Adão que o Fizesse Pecar
A Bíblia, afirma que Deus fez somente criaturas boas. Ao fim de, praticamente, todos os dias da criação, conforme lemos no livro de Gênesis, que Deus considerava as suas obras “muito boas” (1:4, 10, 18, 21, 25), e depois do sexto dia: “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (1:31). Salomão acrescentou: “Vede, isto tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto” (Ecles 7.29). Como já vimos, Deus é incapaz de criar algo mau; somente criaturas perfeitas podem surgir das mãos de um Criador perfeito.
Mesmo assim, o poder das escolhas livres implica a capacidade de aderir ou rejeitar o bem planejado por Deus. Deus revelou que a liberdade é boa — na verdade, tão boa que ele no-la concedeu. Porem, a liberdade também torna possível o mal. Se Deus criou criaturas livres, e se é bom que sejamos livres, então a origem do mal é o mal-uso da liberdade.
Isto não é difícil de compreender. A maioria de nós, por exemplo, aprecia a liberdade de dirigir um carro, mas muitos abusam desta liberdade e dirigem de forma irresponsável. Nós não culpamos (nem devemos culpar) o governo por continuar nos concedendo a habilitação, apesar de todos os danos causados por motoristas imprudentes. Somente as pessoas que dirigem de forma irresponsável e criminosa, e que mutilam ou matam outras pessoas, são responsáveis pelos resultados das suas ações. Apesar do mal poder resultar em abuso de liberdade ou malandragens, o governo entende que é mais proveitoso que os indivíduos da sociedade possam utilizar veículos do que ter que fazer todos os nossos afazeres a pé. De igual maneira, Deus também demonstrou que é melhor termos liberdade — mesmo que com ela venha a possibilidade do abuso — do que não termos liberdade alguma.
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O primeiro casal foi livre para pecar ou não pecar. Deus é livre, contudo não lhe é possível pecar (1 João 1:5 Hb 6.18). Na verdade, como já observamos, Deus não pode nem ao menos ser tentado a pecar (Tg 1.13) Ele é absolutamente imune ao mal. Como, então, Deus pode ser livre se não existe a possibilidade dele fazer a escolha errada?
A resposta é que Deus é na sua própria essência, Todo-bondade e, portanto, Ele somente pode fazer o bem, e estar sujeito à sua própria natureza. Deus é AMOR, e é impossível que Deus odeie alguém. Deus é LUZ, é impossível que as trevas lhe alcance. Deus é Justiça, é impossível que ele use de injustiça. Deus é SANTO, é impossível que ele peque. (Tg 1.13,17)
(08)
A Liberdade de Fazer somente o Bem não Significa a Perda da Liberdade Real
É importante notar que o céu não representa a destruição da nossa verdadeira liberdade, mas o cumprimento dela. Neste mundo podemos optar entre fazer a vontade de Deus ou não; depois que a escolha é feita, o nosso destino está selado até à morte (Hb 9.27). Portanto, se escolhemos fazer a vontade de Deus, em vez na nossa própria vontade, a liberdade de fazermos o mal desaparece e somos livres para fazer somente o bem. E como a liberdade de fazer o mal é também a liberdade que temos para destruirmos a nós mesmos, ela não é uma liberdade perfeita (completa). A essência da liberdade real é a liberdade que Deus possui (e que, na eternidade, os crentes possuirão), a saber, a capacidade de escolher somente o bem. De forma semelhante, no inferno, os demônios (anjos caídos), agora sem a influência da glória de Deus, são enrijecidos na sua vontade de fazer o mal.
Por conseguinte, quando Deus nos levar para o céu, onde tudo isso será real, Ele não terá eliminado a nossa liberdade, mas sim, cumprido-a. Em suma, a perda da capacidade de se fazer o mal não é, de forma alguma, um mal; mas, muito pelo contrário, será um bem majestoso que receberemos.
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O que é Pecado e o que são Pecados
A Diferença entre Pecado e Pecados
Podemos facilmente dizer que a diferença entre pecado e pecados é que pecado é singular e pecados é plural. Entretanto, precisamos distinguir claramente entre pecado e pecados. Se você não consegue diferenciar os dois, será impossível ter clareza da sua salvação. Que é pecado de acordo com a Bíblia? E que são pecados? Permitam-me dar uma breve definição primeiro. Pecado refere-se àquele poder dentro de nós que nos motiva a cometer atos pecaminosos. Pecados, por outro lado, refere-se aos atos pecaminosos individuais, específicos, que cometemos exteriormente.

Que é pecado? Seremos simples e consideraremos essa questão a partir da nossa experiência. Sabemos que há algo dentro de nós que nos motiva e nos obriga a ter certas inclinações espontâneas, que nos induz para o caminho da concupiscência e paixão. De acordo com a Bíblia esse algo é o pecado (Rm 7:8, 16-17). Todavia, não há somente o pecado interior que nos obriga e induz, há também os atos pecaminosos individuais, os pecados, os quais são cometidos exteriormente. Na Bíblia, os pecados estão relacionados
com a nossa conduta, enquanto o pecado está relacionado com a nossa vida natural. Pecados são os cometidos pelas mãos, pelos pés, pelo coração, pela língua e mesmo por todo o corpo. Paulo refere-se a isso ao falar dos feitos do corpo (Romanos 8:13). Então, que é o pecado? O pecado é uma lei que controla nossos membros (Romanos 7:23). Existe algo dentro de nós que nos leva a pecar, a cometer o mal e esse algo é o pecado.
(10)
Se quisermos fazer uma distinção clara entre pecado e pecados, há uma parte nas Escrituras que precisamos considerar. São os primeiros oito capítulos do livro de Romanos. Esses oito capítulos mostram-nos o significado pleno do pecado. Nesses oito capítulos encontramos uma característica notável: do capítulo 1 ao 5:11, somente a palavra pecados, no plural, é mencionada; a palavra pecado, no singular, jamais é mencionada. Mas, de 5:12 até o final do capítulo oito, o que encontramos é pecado, não pecados. Do capítulo 1 até 5:11, Romanos mostra-nos que o homem tem cometido pecados diante de Deus. De 5:12 em diante, Romanos mostra-nos que tipo de pessoa o homem é diante de Deus: um pecador. Pecado refere-se à vida que possuímos. Antes de Romanos 5:12 nenhuma menção há de mortos sendo vivificados, pois o problema ali não é que alguém precise ser vivificado e, sim, que os pecados individuais que alguém cometeu precisam ser perdoados.

De 5:12 em diante, temos a segunda seção. Aqui vemos algo forte e poderoso dentro de nós como uma lei em nossos membros, que é o pecado, que nos induz e obriga a cometer os pecados, os atos pecaminosos. Por isso há necessidade de sermos libertados. Os pecados têm a ver com a nossa conduta, e para isso a Bíblia mostra-nos que precisamos de perdão (Mt 26:28; At 2:38; 10:43). Porém, o pecado é o que nos incita, induz-nos a cometer os atos pecaminosos. Por isso, a Bíblia mostra-nos que precisamos de libertação (Rm 6:18, 22). Em toda a Bíblia, em nenhum lugar são mencionadas as palavras o perdão do pecado; em vez disso, a Bíblia sempre fala de “perdão de pecados”. Os pecados é que são perdoados, não o pecado.

Os pecados são exteriores a nós. Eis por que precisam ser perdoados. Contudo, algo mais está dentro de nós, algo forte e poderoso que nos leva a cometer pecados. Para isso precisamos não de perdão, mas de libertação. Precisamos ser libertados. Tão logo não estejamos mais sob seu poder e nada tenhamos a ver com ele, estaremos em paz. A solução para os pecados vem do perdão. Entretanto, a solução para o pecado vem quando não estivermos mais debaixo do seu poder e não tivermos mais nada a ver com ele. Os
pecados estão relacionados com as nossas ações e são cometidos um por um. Eis por que precisam ser perdoados. O pecado, porém, está dentro de nós e precisamos ser libertados dele.
(11)
Portanto, a Bíblia nunca diz “perdão do pecado”, mas “perdão dos pecados”. Tampouco a Bíblia fala sobre ser “libertado dos pecados”. Posso assegurar-lhes que a Bíblia nunca diz isso. Pelo contrário, a Bíblia diz que somos “libertados do pecado”, em vez de libertados dos pecados. A única coisa da qual precisamos escapar e ser libertados é daquilo que nos incita e nos induz a cometer pecados. Essa distinção é feita de modo bastante claro na Bíblia. Posso comparar os dois desta forma:

De acordo com a Bíblia, o pecado está na carne; enquanto os pecados estão na nossa conduta.
O pecado é um princípio dentro de nós; é um princípio da vida que temos. Os pecados são atos cometidos por nós; são atos em nosso viver. O pecado é uma lei nos membros. Os pecados são transgressões que cometemos; são atividades e atos reais.
O pecado está relacionado com o nosso ser; os pecados estão relacionados com o nosso agir. Pecado é o que somos; pecados é o que fazemos. Uma pessoa é governada pelo pecado em sua vida natural. Pecado é algo considerado como um todo; pecados são coisas consideradas caso a caso. O pecado está no interior do homem; os pecados estão diante de Deus. O pecado requer que sejamos libertados; os pecados requerem que sejamos perdoados.

O pecado está na natureza do homem; os pecados estão nos hábitos do homem. Figurativamente falando, o pecado é como uma árvore e os pecados são como o fruto da árvore.
(12)

Essa é a razão de Deus não tratar apenas com as ações dos pecados, mas também com a inclinação para o pecado. Podemos ver a importância de lidar com os pecados, mas é igualmente importante lidar com o pecado. Somente ao vermos ambos os aspectos é que o nosso entendimento sobre nossa salvação será completo.
(13)
A Compreensão do Homem Quanto ao Pecado e aos Pecados
Antes de sermos salvos não sentíamos o prejuízo do pecado. Tudo o que sentíamos era o prejuízo dos muitos pecados. Mesmo depois que nos tornamos cristãos, o que nos entristecia eram os nossos muitos pecados, não o pecado em si. Apesar de agora salvos, ainda podemos mentir ou perder a calma, ter ciúmes e ser orgulhosos, ou murmurar, etc. Portanto, esses pecados individuais nos aborrecem. Que devemos fazer? Chegar diante de Deus e pedir perdão por esses itens um a um. Podemos dizer: “Ó Deus, eu agi mal hoje. Pequei novamente. Por favor, perdoe-me”.

Se você fez doze coisas erradas ontem, sentiu-se triste interiormente. Mas se fez somente duas coisas erradas hoje, deve estar alegre interiormente, porque cometeu bem menos pecados hoje, e que há menos pecados em você agora. Contudo, deixe-me lembrar-lhe de que isso é apenas o estágio inicial de uma vida cristã. Nesta fase ficamos tristes somente pelos muitos pecados que cometemos. Após sermos cristãos por algum tempo, percebemos que o que nos entristece e aborrece não são os muitos pecados, mas o próprio pecado. Por fim, descobrimos que não são as coisas que fazemos que estão erradas, mas a nossa pessoa é que está errada.

Não são as coisas que fazemos que são más; é a nossa própria pessoa que é má. Passamos a perceber que todas as coisas que temos feito são meras questões exteriores e que a verdadeira coisa má é a nossa pessoa. Há um princípio natural em nós que nos leva a pecar. As coisas exteriores podem ser de muitas categorias. Podemos chamá-las de orgulho, ciúmes, impureza ou de quaisquer outros nomes. Pode haver todos os tipos de pecados fora de nós. Mas dentro de nós há um único princípio, e é algo que anseia pelos pecados. Há uma inclinação dentro de nós em direção aos pecados.
(14)
 Existe algo em nosso ser que deseja estas coisas externas. Esse é o motivo por que a Bíblia faz com que esses pecados exteriores estejam no plural; eles são percebidos item por item. O orgulho é um, a mentira é outro, e a fornicação é ainda outro. O orgulho é diferente do assassinato, e a mentira é diferente da fornicação. Mas existe somente uma coisa que nos inclina a pecar, que nos controla e nos atrai. A razão de pecarmos é que existe uma lei dentro de nós. Ela constantemente nos conduz aos pecados exteriores. Na Bíblia este pecado está no singular. Ele não denota nossa conduta; pelo contrário, denota nossa natureza. Este pecado está na nossa natureza e precisamos ser libertados dele.

Uma vez que a salvação de Deus para o homem é completa, Ele necessita livrar-nos dos muitos pecados e também do pecado em si. Se Deus somente nos livrasse dos muitos pecados, sem nos livrar do pecado, então não se poderia dizer que a salvação de Deus é completa. Uma vez que haja duas coisas conosco, os pecados e o pecado, precisamos de uma salvação dupla. Por um lado, precisamos ser libertados dos muitos pecados. Por outro, precisamos ser libertados do pecado. No cumprimento de Sua salvação completa por meio da redenção de Cristo, Deus nos livra tanto dos pecados como do pecado.
(15)
Posso esclarecer melhor com uma ilustração. Os muitos pecados são como os frutos de uma árvore. Eles existem individualmente, e uma árvore pode produzir algumas centenas deles. É assim com os pecados. O pecado, por outro lado, é como a própria árvore. O que nós, os pecadores, vemos com os olhos é o fruto. Percebemos que os frutos são maus, mas não vemos que a árvore é igualmente má. Os frutos são maus porque a árvore é má. É assim que Deus nos ensina a entender o problema do pecado. No início Ele nos mostra os pecados individuais. Por fim, Ele nos mostra a nossa própria pessoa. No início precisamos
de perdão porque temos cometido pecados. Mas após um tempo compreendemos que precisamos ser libertados porque somos pecadores.

(16)
Como posso saber se algo são pecados?
Há dois aspectos envolvidos nesta questão:
Há coisas que a Bíblia especificamente menciona e declara como pecados. Exemplos disto incluem: Provérbios 6:16-19; Gálatas 5:19-21; I Coríntios 6:9-10. Não pode haver dúvidas que estas Escrituras apresentam tais atividades como pecaminosas, coisas que Deus não aprova: assassinato, adultério, mentira, roubo, etc. Não há dúvidas de que a Bíblia apresenta tais coisas como pecados.

O ponto mais difícil está em determinar o que são pecados em áreas que a Bíblia não apresenta diretamente. Quando a Bíblia não menciona um determinado assunto, temos, em Sua palavra, alguns princípios gerais que nos guiarão.  Quando não há referência específica na Escritura, é bom perguntar não se determinada coisa é errada, mas se é realmente boa.

Se há lugar para a dúvida se algo agrada a Deus, então melhor é desistir. “...e tudo o que não é de fé é pecado” (Romanos 14:23)

Devemos avaliar nossas ações não somente em relação a Deus, mas também em relação a seus efeitos em nossa família, nossos amigos e outras pessoas em geral. Mesmo se algo em particular possa não nos ofender pessoalmente, se for ofensivo ou afetar a outra pessoa, isto é errado e pecado. “Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça. Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos” (Romanos 14:21; 15:1).

Lembrem-se, finalmente, de que Jesus Cristo é nosso Senhor e Salvador, e não se pode permitir que nada mais tome a prioridade de que estejamos em acordo com Sua vontade. Não se pode deixar que nenhum hábito, recreação ou ambição tenha um excessivo controle sobre nossas vidas: somente Cristo tem esta autoridade. “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (I Coríntios 6:12).
(17)
Neste capítulo 14 de romanos, Paulo aplica o amor fraternal à convivência de irmãos, quando surgem diferenças.
Os que se julgam fortes devem acolher os fracos, mas não para discutir opiniões. As questões que Paulo trata aqui envolvem a consciência de irmãos que ainda não reconhecem determinadas liberdades em Cristo. Não são divergências sobre doutrinas reveladas por Deus. Não devemos usar este texto para justificar a cumplicidade no pecado, mas devemos ceder em questões de opinião para não ferir a consciência de um irmão mais fraco na fé.
A primeira aplicação: comer carne (Romanos 14:2-4). Deus não proibia que o cristão comesse carne (embora proíba comer carne oferecida aos ídolos – Apocalipse 2:14), mas alguns tiveram dificuldade em aceitar esta liberdade. A decisão de comer carne ou não era uma questão particular.

A segunda aplicação: fazer distinção entre dias (Romanos 14:5-6). É bem possível que alguns cristãos judeus ainda acharam melhor descansarem no sábado, ou talvez ainda comemoraram alguns dias de festas, possivelmente como feriados nacionais. Paulo ensinou os irmãos a tolerarem tais diferenças de consciência.
Nas instruções sobre tolerância, Paulo diz que devemos: Aceitar o fraco, mas não para discutir opiniões (1). Devemos ensinar as doutrinas bíblicas, mas não devemos insistir em defender alguma liberdade não essencial.  Em questões onde Deus não definiu uma única maneira de agir, respeitar as decisões dos outros (3).  Lembrar que o nosso irmão é, primeiramente, um servo de Deus e, como tal, será julgado por Deus (4,10-12).  Respeitar a nossa própria consciência e, acima de tudo, a vontade de Deus, porque pertencemos ao Senhor na vida e na morte (5-9,12).
(18)

Consciência e Fé (Romanos 14:13-23)
Aqui, Paulo leva os mesmos princípios adiante, mostrando o perigo de agir de uma maneira que prejudique um irmão. Não devemos julgar os irmãos, nem devemos fazer com que um deles tropece (13). Mesmo em casos de coisas lícitas, devemos evitar ferir a consciência do irmão. Se insistir em usar todas as nossas liberdades, o nosso bem pode ser desprezado (14-16).
A ênfase no reino de Deus não é a liberdade de comer ou beber alguma coisa, e sim a de participar da justiça e alegria no Espírito Santo (17). Quando servimos a Deus, agradamos ao Senhor e aos homens (18). Desta maneira, promovemos a paz e a edificação (19). Se insistirmos em usar as nossas liberdades, sem considerar a consciência do irmão, estaríamos destruindo a obra de Deus (20-21). É melhor abrir mão de algum privilégio do que fazer um irmão tropeçar.
É importantíssimo mantermos a nossa consciência limpa diante de Deus, nada fazendo na dúvida (22-23).

(19)
Pecado inerente, ou "pecado original"
O efeito da queda arraigou-se tão profundamente na natureza humana que Adão, como pai da raça, transmitiu a seus descendentes a tendência ou inclinação para pecar. (Salmos. 51:5.) Essa inclinação espiritual e moral para o mal, sob o qual os homens nascem, é conhecido como pecado original. Os atos pecaminosos que se seguem durante a idade de plena responsabilidade do homem são conhecidos como "pecados atual". Cristo, o segundo Adão, veio ao mundo resgatar-nos de todos os efeitos da queda. (Rom. 5:12-21.) Esta condição moral da alma é descrita de muitas maneiras: todos pecaram (Rom. 3:9); todos estão debaixo da maldição (Gál. 3:10); o homem natural é estranho às coisas de Deus (1 Cor. 2:14); o coração natural é enganoso e perverso (Jer. 17:9); a natureza mental e moral é corrupta (Gên. 6:5, 12; 8:21; Rom. 1:19-31); a mente carnal é inimizade contra Deus (Rom. 8:7, 8); o pecador é escravo do pecado (Rom. 6:17; 7:5); é controlado pelo príncipe das potestades do ar (Efés. 2:2); está morto em ofensas e pecados (Efés. 2:1); e é filho da ira (Efés. 2:3).


Que o pecado de Adão prejudicou não só a ele, mas também a todos os seus descendentes, por geração ordinária, é parte da fé de todo o mundo cristão. A pecaminosidade do estado em que o homem está, consiste na culpa do primeiro pecado de Adão, na ausência de retidão original e na corrupção de toda a sua natureza, o que comumente recebe o nome de pecado original, consequentemente todas as transgressões concretizadas advêm desse estado de pecado do homem. E como conseqüência dessa corrupção original, os homens estão totalmente indispostos e incapacitados a praticarem a vontade de Deus e seus mandamentos por seus próprios esforços, a não ser pelo poder redentor de Jesus Cristo na Cruz e através da regeneração do Espirito Santo de Deus.

Não só vemos a manifestação da ira, malícia, egoísmo, inveja, orgulho e outras disposições maldosas, mas todo o desenvolvimento da alma em direção ao mundo e afastando-se de Deus.
“Desviam-se os ímpios desde sua concepção; nascem e já se desencaminham, proferindo mentiras”
 (Salmos 58:3)
“A estultícia [o mal moral] está ligada ao coração da criança” (Provérbios 22:15)
(20)
É um fato inegável, a universalidade do pecado entre os homens, seu poder dominante e sua manifestação precoce, constituem clara prova da corrupção de nossa natureza comum.

É absolutamente inconsistente com todas as idéias justas de Deus que Ele tenha criado o homem com uma natureza que, de alguma forma, o conduza ao pecado e à destruição; ou que lhe haja colocado em circunstâncias que inevitavelmente o levem a pecar e a sua ruína. O atual estado da natureza humana não pode ser, portanto, sua condição normal e original. Somos uma raça apostatada. Nossa natureza corrompeu-se por nossa apostasia de Deus, e por isso toda a imaginação dos pensamentos do coração do homem é só e continuamente para o mal (Genesis 8:21). Esta é a solução bíblica e a única solução racional do fato inegável da profunda, universal e precoce pecaminosidade manifesta nos homens em todos os tempos e em todas as partes do mundo.


Somente por causa de Cristo, ou mediante sua intervenção, quem crer em Jesus Cristo e se converte a ele são transferidos de um estado de existência condenável no qual sua natureza se desenvolveu para um estado de santidade.  Toda bíblia ensina claramente que a morte de Cristo é absolutamente necessária; que, se houvesse outra maneira pela qual os homens pudessem ser salvos, Cristo teria morrido em vão (Gálatas 2:21 e 3:21). Pressupõe-se que os homens, todos os homens, as crianças e os adultos, estão em estado de pecado e desgraça, do qual ninguém, senão um divino Salvador, pode livrar.
A bíblia não faz exceção alguma de classe, nação, caráter ou idade em relação ao estado de pecado e a necessidade de um salvador.
(21)
As crianças sempre estiveram incluídas com seus pais em cada revelação ou promulgação do pacto da graça. O pacto com Abraão não foi feito somente com ele, mas também com sua posteridade, pequenos e adultos. As escrituras, portanto, sempre contemplam os filhos desde o nascimento como carentes de salvação, e como inclusos no plano da salvação que a bíblia revela. Isso é ainda mais evidente pelo fato de que o sinal e selo da circuncisão sob a antiga dispensação se aplicava a recém-nascidos. O selo das promessas feitas a Abraão também nos alcançou (Gálatas 3:14). Isso esclarece por que o Apostolo ensina que Abraão recebeu a circuncisão como selo da justiça da fé. Ou seja, foi o selo daquele pacto que prometeu e assegurou a justiça sobre a condição da fé. Está claro que as escrituras ensinam que a circuncisão tinha um sentido espiritual.

“Assim, também, David declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça, sem as obras, dizendo:Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos;
Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.
Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente, ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão.
Como lhe foi, pois, imputada? Estando na circuncisão, ou na incircuncisão? Não na circuncisão, mas na incircuncisão. E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles, também, na incircuncisão; a fim de que, também, a justiça lhes seja imputada;E fosse pai da circuncisão, daqueles que não somente são da circuncisão, mas que, também, andam nas pisadas daquela fé do nosso pai Abraão, que tivera na incircuncisão.” (Romanos 4:6-12)

A morte com a qual Adão foi ameaçado não era mera dissolução de seu corpo, mas morte espiritual. 

(22)
DEUS não pode promover o pecado
Deus não pode estimular o pecado; Ele é completamente santo e não pode endossar o pecado de forma alguma. Na verdade, Deus não pode nos tentar a pecar: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta” (Tiago 1.13).
Na oração do Senhor (o “Pai nosso”), a frase “não nos deixe cair em tentação” não implica que é Deus o autor da tentação. Na verdade, a oração pede para que Deus não permita que sejamos levados pela tentação. Ele proporciona a libertação do pecado, como afirma a frase “livra-nos do mal” (Mat 6.13).

Deus pode permitir o pecado
Apesar dele não poder produzir, nem promover o pecado, Deus pode permiti-lo, e isto o faz. Ao permitir a ocorrência do pecado, Deus cumpre o mais elevado dos seus propósitos. Por exemplo, Deus permitiu que os irmãos de José, ao lhe vender como escravo, pecassem a fim de que todo o Israel fosse salvo, bem como de cumprir a sua promessa de trazer o Messias por intermédio do seu povo escolhido para proporcionar a salvação para a humanidade (Genesis 12.3). José reconheceu isto quando disse aos seus irmãos: “Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo grande” (Gn 50.20).

Deus permitiu aos espíritos mentirosos que fossem enganar ao Rei Acabe (em 1 Rs 22), Ele não estava pecando, tampouco incentivando o pecado. Ele simplesmente permitiu que os espíritos malignos fizessem o que Ele já sabia que eles, como seguidores do pai da mentira, fariam quando tivessem a liberdade para agir. Deus cumpriu os seus propósitos soberanos por intermédio destas mentiras, da mesma forma que fez por meio do pecado dos irmãos de José (vide Gn 50.20).
(23)
Pecado de Omissão e Comissão
O pecado tanto pode consistir de omissão em fazer a coisa justa ou o bem, como de comissão em fazer a coisa errada e má.
Os pecados de omissão são a nossa falta de ação naquilo que deveríamos agir.
"Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado" (Tiago 4:17).
Aqui passamos do lado negativo para o lado positivo da vida cristã, e aprendemos que deixar de fazer aquilo que sabemos competir-nos, é pecar. Suponhamos que, do presente momento em diante, nunca mais praticássemos qualquer mal, nem prejudicássemos de nenhuma forma nosso semelhante, viveríamos sem pecar? Não, pois nosso pecado apareceria no fato de não fazermos todo bem que deveríamos fazer.

Os pecados de comissão, isto é, quando fazemos o que não deveríamos fazer, são descritos pelo apóstolo João neste versículo: “Qualquer que comete o pecado também comete iniqüidade, porque o pecado é iniqüidade” (1 Jo 3.4).

(24)
Atitude duvidosa é pecado
Mas, aquele que tem dúvidas, se come, está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado.” (Romanos 14:23) vede também (1 João 3:18-22).
Havendo dúvida, o crente deve decidir pelo que não pode desagradar a Deus. A prática de qualquer atitude ou prática com dúvida, trará, inevitavelmente, a condenação. Não se pode também usar esse texto e cair no erro de achar que tudo que fazemos, e nossa mente não nos condena, é certo ou Deus não condenará nosso ato. A nossa mente ou consciência não determina o padrão de certo e errado, mas sim a palavra de Deus, a bíblia sagrada.  A mente do homem sem Deus é cauterizada e obscurecida (1 Coríntios 8:7/ 1Timóteo 4:2/ Tito 1:15/ Hebreus 9:14/10:22) não pode saber a exata vontade de Deus, ou discernir sua vontade de forma ideal sem o exame da palavra de Deus (a bíblia) e o esclarecimento do Espírito Santo.
(25)
Favoritismo é pecado
“Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redarguidos pela lei como transgressores.” (Tiago 2:9)
Tal acepção coloca nossas relações com os homens, não na base do mérito ou da misericórdia, mas na base do lucro ou satisfações pessoais, o que é evidentemente errado e pecado.
(26)
Desprezo ao semelhante é pecado
“O que despreza ao seu companheiro peca, mas o que se compadece dos humildes é bem-aventurado.” (Provérbios 14:21)
É absoluta desobediência ao mandamento que diz: ”...amarás o teu próximo como a ti mesmo”, e também incoerência com a vida sintonizada com Deus.

Incredulidade para com Jesus Cristo é pecado
“E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.
Do pecado, porque não crêem em mim;” (João 16:8,9)
A incredulidade é raiz da qual se originam todos os demais pecados. Foi depois que Eva permitiu à incredulidade penetrar em seu coração, que ela respondeu favoravelmente ao tríplice apelo da tentação. É o pecado que exclui Deus da alma e que, caso o indivíduo persista nele, excluirá a alma eternamente de Deus.
Assim, de acordo com Jesus: “Quem crê nele [em Jesus] não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (João 3.18).
(27)
O reino vegetal, animal e toda a criação foram afetados pelo pecado do homem
“...Maldita é a terra por tua causa.” (Genesis 3:17,18/ Isaias 55:13)
O reino vegetal, animal e toda a natureza foi amaldiçoada por causa do pecado do homem, mas será finalmente redimida dessa maldição por ocasião da volta de Cristo para reinar.
“Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus.
Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou,
Na esperança de que, também, a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto, até agora.” (Romanos  8:19-22)
(28)
O mal se atribui a pensamentos e afetos.
Gênesis 6:5; Jeremias 17:9; Mateus 5:22,26; Hebreus 3:12.

O pecado pode tomar as formas de avareza, orgulho, vaidade, ambição, sensualidade, ciúme, ou mesmo o amor de outrem, em cujo caso outros são amados porque são tidos como estando de algum modo ligado ao Eu ou contribuindo para o Eu. O pecador pode buscar a verdade, mas sempre por fins interesseiros, egoísticos. Ele pode dar seus bens para alimentar o pobre, ou mesmo o seu corpo para ser queimado, mas só por meio de um desejo egoísta de gratificação carnal ou honra ou recompensa. O pecado, como egoísmo, tem quatro partes: "(1) Vontade própria, em vez de submissão; (2) ambição, em vez de benevolência; (3) justiça própria, em vez de humildade e reverência; (4) auto-suficiência, em vez de fé"

Vemos, então, que o pecado não é meramente um resultado do desenvolvimento imperfeito do homem: é uma perversidade da vontade e da disposição. O homem nunca a sobrepujará enquanto ele estiver na carne. A regeneração põe um entrave sobre ela, mas não a destrói. O homem regenerado não é mais servo do pecado, mas também não está longe dele, convive com o pecado, mas o pecado não o domina mais.
Leia:
“Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.” (1 João 1:8)
“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.” (ROM. 8:1,2)

"Porque esta é à vontade de Deus, a vossa santificação... que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra, não na paixão de concupiscência...porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação" (1 Tessalonicenses 4.3-7).
(29)
O pecado ou blasfêmia contra o Espírito Santo
A Bíblia fala mais especialmente de “falar contra o Espírito Santo”, Mt 12.32; Mc 3.29; Lc 12.10. Evidentemente, é um pecado cometido durante a presente vida, pecado que torna impossíveis a conversão e o perdão. O pecado consiste na rejeição e calúnia consciente, maldosa e voluntária, e isso contra as evidências e respectiva convicção do testemunho do Espírito Santo a respeito da graça de Deus em Cristo.

A raiz desse pecado é o consciente e deliberado ódio a Deus e a tudo quanto se reconhece como divino. É imperdoável, não porque a sua culpa transcende os méritos de Cristo, ou porque o pecador esteja fora do alcance do poder renovador do Espírito Santo, mas, sim porque há também no mundo de pecado certas leis e ordenanças estabelecidas por Deus e por Ele mantidas. E, no caso desse pecado particular, a lei é que ele exclui toda a possibilidade de arrependimento, cauteriza a consciência, endurece o pecador e, assim, torna imperdoável o pecado. Daí, nos que cometeram esse pecado podemos esperar ver um pronunciado ódio a Deus, uma atitude desafiadora para com Ele e para com tudo quanto é divino, um prazer em ridicularizar e difamar aquilo que é santo, e um desinteresse absoluto quanto ao bem-estar da alma e à vida futura.





(30)
Ao contrário da opinião largamente aceita, nem todos os pecados são vistos de igual forma por Deus. Jesus disse a Pilatos que “mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem”( João 19.11).
João falou de um pecado que chegou a tirar a vida de uma pessoa (1 João 5.16). Paulo disse que alguns foram disciplinados com a morte por parte de Deus, por tomar parte na Ceia do Senhor de forma indigna (1 Cor 11.29-30), numa indicação de que este é um pecado particularmente grave. Não somente existem pecados mais fortes, como também existe o mais grave de todos os pecados: a blasfêmia contra o Espírito Santo (Mat 12.32).
(31)

A QUESTÃO DA POLIGAMIA
Por que Deus permitiu que Salomão tivesse tantas mulheres, se ele condena a poligamia?
(1 Reis 11:1)

PROBLEMA: Em 1 Reis 11:3, lemos que Salomão tinha 700 mulheres e 300 concubinas. Mas as Escrituras repetidamente nos advertem contra manter mais de uma mulher (Deut 17:17) e violar o princípio da monogamia - um homem para uma mulher (cf. 1 Co 7:2).

SOLUÇÃO: A monogamia é o padrão de Deus para os homens. Isso está claro nos seguintes fatos:
(1)     Desde o princípio Deus estabeleceu este padrão ao criar o relacionamento monogâmico de um homem com uma mulher, Adão e Eva (Gen 1:27; 2:21-25).

 (2) Esta ficou sendo a prática geral da raça humana (Gen 4:1), seguindo o exemplo estabelecido por Deus, até que o pecado a interrompeu (Gen 4:23).
 (3) A Lei de Moisés claramente ordena: “Tampouco para si multiplicará mulheres” (Deut 17:17).
 (4) A advertência contra a poligamia é repetida na própria passagem que dá o número das muitas mulheres de Salomão (1 Reis 11:2): “Não caseis com elas, nem casem elas convosco”.
(5) Jesus reafirmou a intenção original de Deus ao citar esta passagem (Mat 19:4) e ao observar que Deus “os fez homem e mulher” e os juntou em casamento.
(6) O Novo Testamento enfatiza que “cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido” (1 Co 7:2).
(7) De igual forma, Paulo insistiu que o líder da igreja deveria ser “esposo de uma só mulher” (1 Tim 3:2; 12).
(8) Na verdade, o casamento monogâmico é uma prefiguração do relacionamento entre Cristo e sua noiva, a Igreja (Ef 5:31-32).
(32)
A poligamia nunca foi estabelecida por Deus para nenhum povo, sob circunstância alguma. De fato, a Bíblia revela que Deus puniu severamente aqueles que a praticaram, como se pode ver pelo seguinte:

(1) A primeira referência à poligamia ocorreu no contexto de uma sociedade pecadora em rebelião contra Deus, na qual o assassino “Lameque tomou para si duas esposas” (Genesis 4:19,23).
(2) Deus repetidamente advertiu ou polígamos quanto às conseqüências de seus atos: “para que o seu coração se não desvie” de Deus (Deut 17:17; cf. 1 Reis 11:2).
(3) Deus nunca ordenou a poligamia - como o divórcio, ele somente a permitiu por causa da dureza do coração do homem (Deut 24:1; Mt 19:8).
(4) Todo praticante da poligamia na Bíblia, incluindo Davi e Salomão (1 Crônicas 14:3), pagou um alto preço por seu pecado.
(5) Deus odeia a poligamia, assim como o divórcio, porque ela destrói o seu ideal para a família (cf. Ml 2:16).

Em resumo, a monogamia é ensinada na Bíblia de várias maneiras:
(1) pelo exemplo precedente, já que Deus deu ao primeiro homem apenas uma mulher;
(2) pela proporção, já que as quantidades de homens e mulheres que Deus traz ao mundo são praticamente iguais;
(3) por preceito, já que tanto o AT como o NT a ordenam (veja os versículos acima);
(4) pela punição, já que Deus puniu aqueles que violaram o seu padrão (1 Reis 11:2); e (5) por prefiguração, já que o casamento de um homem com uma mulher é uma tipologia de Cristo e sua noiva, a Igreja (Ef 5:31-32). Apenas porque a Bíblia relata o pecado de poligamia praticado por Salomão, não significa que Deus a aprove.
(33)
A Lei Mosaica Desencorajava a Poligamia
A Lei Mosaica Desencorajava a Poligamia, Protegia as Mulheres.
As provisões da Lei eram tais que na realidade desencorajavam a poligamia. Cada vez que o homem tinha relações sexuais com sua esposa, ficava impuro, em sentido religioso, por um dia. (Lev. 15:16, 17) Assim, ter relações com várias esposas tornariam as coisas inconvenientes, com maior freqüência, para o hebreu, pois a impureza impedia o homem de empenhar-se em várias atividades. (Lev. 7:20, 21; 1 Sam. 21:3-5; 2 Sam. 11:11) Também, as leis da herança exigiam que o homem fornecesse a herança dupla a seu primogênito, mesmo que fosse filho de sua esposa menos amada. (Deu. 21:15-17) Nestes aspectos, a poligamia era indesejável.
QUANDO Jesus Cristo esteve na terra, ele declarou o padrão de Deus com respeito ao casamento. Indagado sobre um homem divorciar-se de sua esposa “por qualquer motivo”, Jesus replicou: “Não lestes que aquele que os criou desde o princípio os fez macho e fêmea, e disse: ‘Por esta razão deixará o homem seu pai e sua mãe, e se apegará à sua esposa, e os dois serão uma só carne’? De modo que não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus pôs sob o mesmo jugo, não o separe o homem.” Mat. 19:3-6.
(34)
A NEGAÇÃO DA PECAMINOSIDADE DO HOMEM
O pecado é produto da manipulação religiosa – Este é outro pensamento do movimento Pós-Modernista. O adversário cunhou uma ousada estratégia para enganar o homem, qual seja, a idéia de que o pecado simplesmente inexiste. Segundo esta linha de pensamento, o pecado é uma ilusão, é algo que foi simplesmente criado por alguns homens com o intuito de promoção de dominação sobre os demais seres humanos.

Muitos foram aqueles que o inimigo usou ao longo da história da humanidade para fomentarem esta idéia. O profeta Isaías já pronunciara uma sentença divina contra aqueles que assim faziam: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal! Que faz da escuridade luz, e da luz, escuridade, e fazem do amargo doce, e do doce, amargo!” (Is.5:20).
Não é, portanto, novidade alguma que surjam pensadores que insistam em afirmar que não existe nem bem nem mal ou que, ainda, rejeitem a idéia de pecado afirmando ser ele uma ilusão, fruto da mente humana. Estes, porém, têm aumentado em número nos últimos tempos.

Mas, o pecado não é uma ilusão, como se tem dito ultimamente, nem tampouco uma invenção proveniente de uma tradição religiosa, é uma realidade, e é a razão de ser de toda a calamidade que temos presenciado na humanidade na atualidade. Por ser o principal problema do homem, o próprio Deus tratou de manter viva a esperança da humanidade ainda no instante em que dava ao primeiro casal a devida retribuição pela sua desobediência. Em meio às penalidades lançadas sobre Adão e sobre Eva por causa da transgressão, o Senhor fez a promessa de que haveria uma redenção, de que providenciaria um meio pelo qual o pecado não mais tivesse domínio sobre o homem. Através desta nova, o Senhor fez conhecido do homem que nasceria um, da semente da mulher, que esmagaria a cabeça da serpente, ou seja, surgiria um homem que venceria o pecado e restabeleceria a comunhão perdida com Deus. Esta promessa cumpriu-se na “plenitude dos tempos”, quando Jesus veio ao mundo para salvar o homem dos seus pecados (Gl.4:4; Mt.1:21).

Para que houvesse a possibilidade do restabelecimento da comunhão perdida com Deus, era preciso que o homem, que havia morrido em seus delitos e pecados (Ef.2:1,5), fosse novamente gerado, nascesse novamente, tivesse uma nova vida. Esta nova geração, este novo nascimento é o que se denomina de “regeneração”.



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